A permanente preocupação com o que somos e o que parecemos é uma constante na vida.
No dia-a-dia há sempre a preocupação em pensar, se estou bem, se posso ou não fazer isto ou aquilo, o que pensarão de mim, se gostam de mim ou não, e ás vezes há casos, há momentos em que isto é tudo, e é aí que há o desencontro com a autenticidade e a não distinção entre o essencial e o acessório. A opinião terceira talvez até nem se ouça, mas está presente no pensamento, e é como se controlasse a vida daquele que se submete a ela.
Quando se constatam factos é diferente, quando se sente que, por exemplo, um acto afasta alguém, ou causa incómodo, há a tentativa de mudança. Mas e se talvez essa acção fizer parte de ti? E se essa acção não estiver tão errada assim, mas incomodar alguns? A mudança será necessária? Porquê mudar pelos outros? Desfazer uma identidade.
Talvez não haja a vontade de desfazer a sua própria identidade, mas desfazem-na. Aqueles que vivem rodeados de uma neblina que cega qualquer um e parecem ser, são capazes de humilhar, querem que o outro deixe de ser bom para parecer algo melhor. Há sempre uma tentativa de se mostrar, de estar por cima, talvez até não mereça, não tenha estofo, mas as pessoas gostam, dizem que tem boa aparência.
Tento estar por cima, tento pertencer a uma classe superior, em que talvez alguns parecem, mas outros são.
Há que mostrar força e personalidade, mas será que isso é assim tão relevante na selva da adolescência, num mundo de aparência?
Existe uma confusão entre o querer e o não querer mudar, há a certeza no querer ser, e a vontade no querer ser grande, sem parecer, sê-lo realmente, ser autenticamente reconhecido.
É tão fácil parecer alguém. É tão difícil ser alguém.